12:36

Resenha sobre o documentário "A peleja de Hélio Melo com o Mapinguari do Antimary"

O artista acreano Hélio Melo, nascido em 1926 e morto em 2001. Foi foco principal em textos de blogs, sites, matérias para jornal impresso, TV, exposições e também teve participação na 27ª Bienal de São Paulo. Devido suas pinturas, contos, seu passado como seringueiro e a paixão pelo violino. Sobre a vida de Melo também teve um documentário por título: "A peleja de Hélio Melo com o Mapinguari do Antimary", dirigido por Sílvio Margarido, Danilo D'Sacre, Dalmir Ferreira, Ivan de Castela e Jorge Nazaré.
O documentário mescla cenas de ficção, reproduzindo cenas que Hélio viveu na sua vida, sendo que algumas delas o mesmo atua, com depoimentos do artista. Melo comenta como era ser um seringueiro, e que muitas vezes outros na mesma ocupação eram ludibriados por políticos, mas graças ao “apelido” de artista, como ele mesmo descreve que em 1979 o recebeu, foi que ele pôde conduzir sua vida de uma forma diferente, com mais esperança e condições melhores de vida.
No final do vídeo surgem os comentários e depoimentos da produção. D’Sacre fala da importância que Hélio Melo teve, Margarido comenta como foi fazer este documentário, entre outros depoimentos. Em 1997 foram gravadas as cenas com Hélio Melo, onde ele pinta, anda, declama, toca e fala da sua vida, e lançada a 1ª edição do documentário. Mas em 2006 a equipe que produziu o documentário pôde falar sobre esta experiência e sobre Hélio Melo, então lançou a 2ª edição.
O diretor Sílvio, que também é percussionista, também foi responsável pelos curtas-metragens de ficção “A carta” com 06 minutos e “Revolta” de 26 minutos. Já o artista plástico Danilo de S’Acre é um dos coordenadores de artes plástica da Usina de Artes João Donato.

Resenha escrita pela estagiária Jocília Oliveira

12:33

Seu Hélio Melo na Bienal

Neste texto o jornalista Altino Machado comenta sobre a Bienal de São Paulo em 2006 e da presença mais uma vez de Hélio Melo nela, fala também do documentário sobre o artista.

Link: http://altino.blogspot.com/2006/10/seu-hlio-melo-na-bienal.html

Escrito pela estagiária Jocília Oliveira

16:40

Textos de Hélio Melo

CASA DO SERINGUEIRO (A1/A2)
A casa do seringueiro é chamada de tapiri, palhoça ou barraco. Os esteios do tapiri são de madeira-de-lei e as linhas e os caibros de madeira branca de qualquer qualidade. O assoalho é de paxiúba e a cobertura de palha de jaci ou de ouricuri. Depois de terminar o barraco tem que fazer a casa de defumar o látex, que também é chamada de defumaceira.
Hélio Melo

SUAS FESTAS (C5/C6)
Nos primeiros tempos, os seringueiros faziam suas festas cantando e batendo em lata. Dançavam homem com homem e bebiam a noite toda na maior harmonia.
O certo é que quando apareceram as mulheres a coisa começou a se complicar e a gerar ciúme. O nego que tivesse mulher abrisse o olho, senão ficava sem ela.
Hélio Melo

O MAPINGUARI (C3/C4)
Dizem que no início da exploração dos rios da Amazônia existia um monstro na floresta chamado Mapinguari. Contava um índio velho, chamado Camicuã que este animal era grande, forte, tipo corpo humano, com um só olho no meio da testa. Seu couro era cascudo e suas unhas afiadas, gritava como se fosse uma pessoa.
Alguns têm esta história como uma lenda, mas existem provas que o Mapinguari, talvez, ainda exista.
Hélio Melo

O CORONEL SERINGALISTA (B1/B2)
Nós sabemos que quando falamos de coronel seringalista é porque naquela época tinha o coronel de patente adquirida com dinheiro. O seringalista que tinha muito dinheiro era fácil conseguir patente, embora não soubesse ler, o dinheiro era o ponto final da história. O fato é que a pessoa depois de consagrada era coronel para todos os efeitos e teve deles que aproveitando-se da patente escravizava os seringueiros, que na época eram os nordestinos.
Hélio Melo

O MAPA DA ESTRADA (B3/B4)
No desenho mostramos o Mapa da Estrada do seringueiro. Cada seringueiro ocupa três estradas e cada estrada tem seu feixo. FEIXO (3): Que também é chamado de boca da estrada ou espera-leite. VARAÇÃO (2). OITO (1): Porque parece a forma de um oito, conforme vemos no mapa. ESTIRÃO: Espaço livre sem ter seringueira. .
Hélio Melo

A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA (A3/A4)
Os nordestinos sempre foram homens sofridos. Em 1877 aconteceu a grande seca do nordeste que, até hoje, não deixa de ser lembrada. Aos poucos ela foi matando as plantas e as criações, de forma que os agricultores não encontraram outra saída a não ser reunirem as suas famílias e rumarem para a cidade em busca de sobrevivente.
Na época da seca o governo dava passagem para os que quisessem vir para a Amazônia.
Hélio Melo
OS COSTUMES DO SERINGAL (B5)
Dormir cedo e acordar cedo. De quatro horas da madrugada em diante só se escuta o converseiro que ninguém entende. É uns se arrumando para sair para a estrada de seringa e outros fazendo a comida para o quebra jejum. Também se não tiver nada, o café com farinha seca já resolve o problema. Ao clarear do dia vai uns cortar seringa; a mulher sai pra roça com os filhos e filhas e os menores acompanham para ir se habituando ao trabalho.
Hélio Melo

CARIU CARIU (A5)
Cariu Cariu
Seringueiro ta perdendo seu valor
Cariu Cariu
Bom tempo por pouco tempo
Era bom já se acabou.

Nós queremos só a terra morar
A seringa é que dá vida
E a tendência é terminar.

Nossa luta pela terra foi de Guerra
Tanto sangue derramado
Em vão
Confiamos na existência de Tupã
Recobramos nossa vida
Em nossos dias de amanhã.
Hélio Melo

A DERRUBADA
A derrubada é o mesmo que estar tirando a veste da Amazônia e também tirar as vestes daqueles coitados que tiveram que rumar em busca das periferias das cidades.
Lá não ficou mais o perfume da mata, senão campos com cheiro de cinza e troncos de árvores de castanheiras, como se fossem esqueletos.
Hélio Melo

CAMPOS E QUEIMADAS
Nos campos e queimadas não se vê o canto dos passarinhos. Tudo perde a graça. A mata, que é a vida dos pássaros e dos homens, aos poucos vem se transformando em um sertão isolado.
Os pássaros também sentem o desmatamento. Uns choram seus ninhos desbaratados e outros seus filhotes, esmagados pelas árvores tombadas pelo homem, que se diz inteligente.
Hélio Melo

O CAÇADOR MARUPIARA
É chamado de caçador marupiara aquele homem de sorte em suas caçadas que, além de profissional, conhece os mistérios da caça.
O marupiara, quando anda na mata e vê muitos vestígios de caça grande, não atira em caça miúda para não espantar outras maiores. A caça grande é a anta, o caititu, o veado e outros; a caça miúda é a embiara, o nambu, o jacu, a cutia e assim por diante.
Hélio Melo

O CAÇADOR PANEMA
O caçador panema é aquele que dificilmente mata a caça, ou melhor, sem sorte em suas caçadas. O que acontece é que tem gente que se mete a ser caçador e, no entanto, não tem sequer jeito pra caçada.
Para tirar a panema, costuma-se tomar um banho de cozimento de folhas de pinhão roxo e, assim, diz que volta a sorte.
Hélio Melo

O PEIXE GRANDE
Muitos anos atrás no seringal Senápolis, havia um peixe grande que arrebentava todo tipo de arpoeira. Esse peixe atracou uma lancha no dito seringal. O maquinista de bordo, tendo sido informado que ali havia um peixe fora de série, fez um anzol a propósito, colocou uma isca e lançou na água. Também não demorou muito o peixe fisgou no anzol. Puxar no braço não foi possível, precisou de guincho.
Quando apareceu a cabeça do peixe fora d’água, parecia uma tronqueira velha. Era um Jundiá Pacomão.
Hélio Melo

Textos cedidos pelo Theatro Hélio Melo

15:00

Folhetins encontrados na Biblioteca da UFAC de autoria de Hélio Melo



  • Os mistérios da caça (1ª cartilha popular- “Do seringueiro para o seringueiro”) - Hélio Melo.
    Rio Branco-AC, 1ª edição - 1985. Publicação pela Fundação cultural do Acre.

  • As experiências do caçador (2ª cartilha popular- “Do seringueiro para o seringueiro”) - Hélio Melo.Rio Branco-AC, 1ª edição - 1985.
    Publicação pela Fundação cultural do Acre.

  • O caucho, a seringueira e seus mistérios – Hélio Melo.Rio Branco-AC, 2ª edição - 1986.
    Publicação pela Fundação cultural do Acre.

  • Os mistérios da caça - Hélio Melo.Rio Branco- AC, 2ª edição - 2003. Publicação pela Fundação de cultura Elias Mansour.

  • Via sacra na Amazônia, Hélio Melo.Rio Branco-AC, 2ª edição - 2003. Publicação pela Fundação de cultura Elias Mansour.

Escrito pela estagiária Jocília Oliveira.
Foto tirada pela estagiária Jocília Oliveira de algumas das obras de Hélio Melo, folhetins encontrados na Biblioteca da UFAC.

14:46

A Biografia de Hélio Holanda de Melo

A obra de Hélio Melo possui diferentes, e aparentemente contraditórios, aspectos: é ao mesmo tempo primitiva, supersticiosa, regional, eclética, multimídia e atual. Tudo em Hélio Melo é espontâneo, com uma simplicidade que só é encontrada entre as obras daqueles que normalmente classificamos de gênios.
Hélio Melo nasceu no seringal Senápolis, às margens do rio Antimari, no dia 20 de julho de 1926, de onde se mudou para o seringal Floresta, na mesma região. Aos doze anos já trabalhava nas estradas de seringa mas, como ele mesmo admitia, tinha muito medo das coisas do mato, tornando sua produção pequena em relação a dos outros seringueiros.
Durante sua infância no seringal Hélio Melo aprendeu a ler e a escrever, dentro do possível, acabando por descobrir que também gostava de desenhar e de música. Foi ali também que ele ouviu dos índios Apurinãs, habitantes tradicionais da região, histórias dos seres da floresta, fossem eles animais, vegetais e/ou seres encantados, como seu velho amigo Mapinguari.
Hélio Melo veio para Rio Branco, em 1959, onde conseguiu um emprego de catraieiro. Enquanto transportava as pessoas de um lado para outro do rio Acre transportava também as conversas e as novidades. Irrequieto, criou o “Jornal da Catraia”, feito de forma artesanal e que circulava todas as terças entre os catraieiros e usuários.
Com a construção da ponte metálica o trabalho dos catraieiros acabou, levando Helio Melo a fazer de tudo um pouco. Nesta época foi barbeiro ambulante, vigia e, cada vez mais, artista plástico e músico.
Sua original pintura começou a chamar atenção e logo apareceram convites para expor seus trabalhos em diversas cidades do Brasil e da Itália. Ainda hoje, as paisagens de seringais e seringueiros são uma forte referência para os artistas acreanos.
A música apareceu como complemento natural de toda arte que existia dentro de Hélio Melo. Apesar de autodidata, compôs diversas músicas e se especializou em tocar cavaquinho e rabeca, sempre em estilo popular, como fazia questão de frisar. E essa “musica popular” de Hélio Melo é aquela música que há décadas é ouvida nos seringais, pequenos povoados acreanos e permanece impregnando corações e mentes dos que por aqui se criaram.
Ao conhecer a arte de Hélio Melo descobrimos que ele veio para a cidade e aqui espalhou sua arte, mas seu coração, este sim, nunca saiu e nem sairá do interior das florestas.
Fonte: Biografia cedida pelos arquivos do Theatro Hélio Melo
E é sobre este e outros importantes homens da cultura acreana que este Blog se destina. Para servir como um banco de dados e acessível a todos!

07:04

Universo do Seringueiro

No Ciclo de estudos "Música nas relações culturais euro-brasileiras", encontramos a "Exposição: O universo do seringueiro- imagens e música, tendo composições de Hélio Melo".
Link: http://ismps.de/revista/Internet-Corres2/CM30-07.htm

Escrito pela estagiária Jocília Oliveira

07:01

Photo Gallery

Na galeria de fotos de Rogerio Maciel, sobre a Bienal de Arte - 2006, também encontramos obras de Hélio Melo.
Link: http://www.pbase.com/rogeriomaciel/bienal2006

Escrito pela estagiária Jocília Oliveira