16:40

Textos de Hélio Melo

CASA DO SERINGUEIRO (A1/A2)
A casa do seringueiro é chamada de tapiri, palhoça ou barraco. Os esteios do tapiri são de madeira-de-lei e as linhas e os caibros de madeira branca de qualquer qualidade. O assoalho é de paxiúba e a cobertura de palha de jaci ou de ouricuri. Depois de terminar o barraco tem que fazer a casa de defumar o látex, que também é chamada de defumaceira.
Hélio Melo

SUAS FESTAS (C5/C6)
Nos primeiros tempos, os seringueiros faziam suas festas cantando e batendo em lata. Dançavam homem com homem e bebiam a noite toda na maior harmonia.
O certo é que quando apareceram as mulheres a coisa começou a se complicar e a gerar ciúme. O nego que tivesse mulher abrisse o olho, senão ficava sem ela.
Hélio Melo

O MAPINGUARI (C3/C4)
Dizem que no início da exploração dos rios da Amazônia existia um monstro na floresta chamado Mapinguari. Contava um índio velho, chamado Camicuã que este animal era grande, forte, tipo corpo humano, com um só olho no meio da testa. Seu couro era cascudo e suas unhas afiadas, gritava como se fosse uma pessoa.
Alguns têm esta história como uma lenda, mas existem provas que o Mapinguari, talvez, ainda exista.
Hélio Melo

O CORONEL SERINGALISTA (B1/B2)
Nós sabemos que quando falamos de coronel seringalista é porque naquela época tinha o coronel de patente adquirida com dinheiro. O seringalista que tinha muito dinheiro era fácil conseguir patente, embora não soubesse ler, o dinheiro era o ponto final da história. O fato é que a pessoa depois de consagrada era coronel para todos os efeitos e teve deles que aproveitando-se da patente escravizava os seringueiros, que na época eram os nordestinos.
Hélio Melo

O MAPA DA ESTRADA (B3/B4)
No desenho mostramos o Mapa da Estrada do seringueiro. Cada seringueiro ocupa três estradas e cada estrada tem seu feixo. FEIXO (3): Que também é chamado de boca da estrada ou espera-leite. VARAÇÃO (2). OITO (1): Porque parece a forma de um oito, conforme vemos no mapa. ESTIRÃO: Espaço livre sem ter seringueira. .
Hélio Melo

A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA (A3/A4)
Os nordestinos sempre foram homens sofridos. Em 1877 aconteceu a grande seca do nordeste que, até hoje, não deixa de ser lembrada. Aos poucos ela foi matando as plantas e as criações, de forma que os agricultores não encontraram outra saída a não ser reunirem as suas famílias e rumarem para a cidade em busca de sobrevivente.
Na época da seca o governo dava passagem para os que quisessem vir para a Amazônia.
Hélio Melo
OS COSTUMES DO SERINGAL (B5)
Dormir cedo e acordar cedo. De quatro horas da madrugada em diante só se escuta o converseiro que ninguém entende. É uns se arrumando para sair para a estrada de seringa e outros fazendo a comida para o quebra jejum. Também se não tiver nada, o café com farinha seca já resolve o problema. Ao clarear do dia vai uns cortar seringa; a mulher sai pra roça com os filhos e filhas e os menores acompanham para ir se habituando ao trabalho.
Hélio Melo

CARIU CARIU (A5)
Cariu Cariu
Seringueiro ta perdendo seu valor
Cariu Cariu
Bom tempo por pouco tempo
Era bom já se acabou.

Nós queremos só a terra morar
A seringa é que dá vida
E a tendência é terminar.

Nossa luta pela terra foi de Guerra
Tanto sangue derramado
Em vão
Confiamos na existência de Tupã
Recobramos nossa vida
Em nossos dias de amanhã.
Hélio Melo

A DERRUBADA
A derrubada é o mesmo que estar tirando a veste da Amazônia e também tirar as vestes daqueles coitados que tiveram que rumar em busca das periferias das cidades.
Lá não ficou mais o perfume da mata, senão campos com cheiro de cinza e troncos de árvores de castanheiras, como se fossem esqueletos.
Hélio Melo

CAMPOS E QUEIMADAS
Nos campos e queimadas não se vê o canto dos passarinhos. Tudo perde a graça. A mata, que é a vida dos pássaros e dos homens, aos poucos vem se transformando em um sertão isolado.
Os pássaros também sentem o desmatamento. Uns choram seus ninhos desbaratados e outros seus filhotes, esmagados pelas árvores tombadas pelo homem, que se diz inteligente.
Hélio Melo

O CAÇADOR MARUPIARA
É chamado de caçador marupiara aquele homem de sorte em suas caçadas que, além de profissional, conhece os mistérios da caça.
O marupiara, quando anda na mata e vê muitos vestígios de caça grande, não atira em caça miúda para não espantar outras maiores. A caça grande é a anta, o caititu, o veado e outros; a caça miúda é a embiara, o nambu, o jacu, a cutia e assim por diante.
Hélio Melo

O CAÇADOR PANEMA
O caçador panema é aquele que dificilmente mata a caça, ou melhor, sem sorte em suas caçadas. O que acontece é que tem gente que se mete a ser caçador e, no entanto, não tem sequer jeito pra caçada.
Para tirar a panema, costuma-se tomar um banho de cozimento de folhas de pinhão roxo e, assim, diz que volta a sorte.
Hélio Melo

O PEIXE GRANDE
Muitos anos atrás no seringal Senápolis, havia um peixe grande que arrebentava todo tipo de arpoeira. Esse peixe atracou uma lancha no dito seringal. O maquinista de bordo, tendo sido informado que ali havia um peixe fora de série, fez um anzol a propósito, colocou uma isca e lançou na água. Também não demorou muito o peixe fisgou no anzol. Puxar no braço não foi possível, precisou de guincho.
Quando apareceu a cabeça do peixe fora d’água, parecia uma tronqueira velha. Era um Jundiá Pacomão.
Hélio Melo

Textos cedidos pelo Theatro Hélio Melo

0 comentários: